Cada lugar tem o seu ritmo.
A sua história peculiar está escondida e estratificada nos elementos das suas paisagens, nos rostos das pessoas, nas pedras das casas, nas tradições e histórias transmitidas. Elvas e a zona fronteiriça da Raia não são exceção.
Com o passar do tempo, muitas histórias teceram o seus caminhos através dos campos e aldeias, transportadas pelas estradas e antigas rotas de contrabando, passando por pontes e até às pedras das fortificações que rodeiam muitas cidades de ambos os lados da fronteira.
Por estas razões, esta área tem sido palco de No ritmo do lugar.
O verão de 2024 foi o ano zero deste projeto, que pretende repetir-se posteriormente, e o convite é para caminhar com estes olhares fotográficos pela Raia, para se deixar envolver pela atmosfera rarefeita e silenciosa do Alentejo, questionando o valor e o significado dos lugares e o seu ritmo intrínseco.


O fundador da residência “No ritmo do lugar” é Carlos Barradas, um fotógrafo português com um doutoramento em antropologia.
A sua ligação pessoal e profunda com Elvas, com o seu avô e com as histórias que sempre ouviu sobre o passado deste lugar, levou-o a querer criar uma residência fotográfica envolvendo pessoas com ideais e sensibilidades pessoais e fotográficas semelhantes.
Foi assim que nasceu “No ritmo do lugar”.
Uma investigação artística conjunta no Alentejo, com o Alentejo e para o Alentejo.
objetivo

O objetivo de No ritmo do lugar é criar um espaço de exploração fotográfica e de partilha colectiva na cidade de Elvas, em relação com diferentes parceiros.
Também central na filosofia do projeto é a construção de relações concretas com cidadãos e associações locais pré-existentes, numa vontade sincera de se colocar numa atitude de abertura e partilha e na consciência de que os lugares só vivem pelas pessoas que os habitam, pelas suas memórias, pela sua história e pela sua presença.
A fotografia será um meio de exploração pessoal e colectiva do ritmo do lugar, e a ela se juntarão outras disciplinas nas actividades paralelas para elaborar uma visão mais completa da complexidade do lugar.
residência
A residência No ritmo do lugar permitiu a um pequeno grupo de fotógrafos imergir neste lugar de energia antiga e profunda, num diálogo contínuo com a história desta terra.
Mas este confronto queria atravessar a fronteira, alargando assim a reflexão também à zona da fronteira espanhola.
De facto, um dos elementos mais interessantes que emergiu durante este período de residência foi precisamente a constatação da complexidade e da porosidade das fronteiras, e de como estas são ultrapassadas, gerando novos cruzamentos culturais.
01
Carlos Barradas
À primeira hora
A viagem de descoberta destas relações transfronteiriças começa nas antigas rotas de contrabando, que sempre atravessaram a zona da raia, envolvendo famílias inteiras no perigoso trabalho de transporte de mercadorias de um lado para o outro da fronteira até aos anos 60. As fotografias de Barradas contam precisamente estas histórias, estes caminhos no meio dos campos, estes heróis portugueses romantizados da fronteira.

02
Tricia Gonzalez
Limites disueltos
O projeto, realizado por Tricia Gonzalez, pretende criar um diálogo visual entre a arquitetura das cidades de Elvas e Badajoz: através da utilização da técnica do cianótipo, como símbolo de unidade entre estes dois lugares, a fotógrafa investiga as influências arquitectónicas que caracterizam estas duas cidades, narrando esta forte relação entre os dois lados da fronteira.

03
Matteo Losurdo
à espera
Este projeto é a obra fotográfica de Matteo Losurdo, uma reflexão delicada e atenta sobre as fortificações e como hoje são apenas vestígios antigos sem função de um passado em que eram necessárias, lugares mágicos e labirínticos que se fundem e desaparecem na paisagem e nas expectativas infinitas do seu inimigo imaginário.

04
Bruno Silva
“attempting to authenticate”
O trabalho de Bruno Silva é um diálogo experimental com a zona da Ponte da Ajuda: é um trabalho liminar em todos os significados da palavra, nascido e desenvolvido numa zona fronteiriça e realizado naqueles momentos difusos de transição entre a noite e o dia. Reflectindo sobre a natureza transfronteiriça das pontes e sobre a diferença de tempo entre dois Estados divididos por alguns metros de terra, mas com uma hora de diferença horária, nasceu esta obra.
*Perda de ligação à Internet devido a erros de autenticação.

fanzine

Esta publicação auto editada funcionará como um repositório mas também como um veiculo que transporta um mensagem muito importante que é a tangibilização do olhar dos participantes sobre Elvas e o seu entorno. Será um também um suporte acessível de adquirir e que será posto á disposição uma vez impressa.
workshop
Terá lugar num futuro próximo um workshop realizado pelo fotógrafo Carlos Barradas, sobre fotografia e antropologia, intitulado “Fotografia, Historia e Liberdade”. O workshop será uma pesquisa fotográfica, feita pelos participantes, sobre a zona liminar da Raia e as histórias escondidas na fronteira.

Neste workshop de 4 dias, o participante e o fotógrafo irão aprofundar o papel da fotografia na captação de momentos históricos e noções de liberdade. Com a ajuda de fotógrafos, antropólogos e sociólogos, irão explorar a forma como as imagens moldam a nossa compreensão da liberdade em diferentes contextos sociais, culturais, políticos e históricos.
Tendo a Revolução dos Cravos em Portugal como exemplo visual, e através de sessões práticas, edição e preparação de exposições, os participantes criarão diferentes narrativas sobre a liberdade.
Serão disponibilizados antecipadamente vários recursos para os participantes, em formato de vídeos, ebooks e uma biblioteca de imagens.
O workshop culminará numa exposição instigante, que suscitará conversas significativas sobre a liberdade e a história.
Não há limitações de equipamento, uma vez que o objetivo deste workshop é estabelecer um diálogo visual, reflectindo sobre ideias acerca da cultura e produção visual e do próprio papel das imagens na formação da cultura contemporânea.
Destinatários: jovens residentes em Elvas, entre os 19 e os 25 anos.
Data e local a definir.
exposição
A exposição final será o culminar de todo o trabalho de pesquisa e criação efetuado durante a residência artística. Este evento reunirá as obras produzidas pelos fotógrafos participantes, proporcionando uma visão rica e multifacetada de Elvas e da sua envolvente.

Os visitantes poderão explorar as diversas narrativas e perspectivas dos artistas sobre a cidade, cada obra exposta refletirá a interação dos artistas com o ambiente e a comunidade de Elvas, revelando camadas de história, cultura e identidade que definem este lugar único. Além disso, a exposição procurará estimular um diálogo entre os visitantes e as obras, promovendo uma reflexão sobre o contexto global de Elvas.
conversas

Para explorar os temas abordados na residência e a história do lugar que a acolheu, está previsto um ciclo de palestras e encontros que reunirá tanto profissionais do mundo da arte como pessoas e especialistas de outras áreas, em diversos diálogos abertos e horizontais que pretendem envolver sobretudo a cidadania.
O objetivo de No ritmo do lugar é criar um espaço de exploração fotográfica e de partilha colectiva na cidade de Elvas, em relação com diferentes parceiros, entre os quais o Município de Elvas e o Museu de Arte Contemporânea de Elvas.
O objetivo de No ritmo do lugar é criar um espaço de exploração fotográfica e de partilha colectiva na cidade de Elvas, em relação com diferentes parceiros, entre os quais o Município de Elvas e o Museu de Arte Contemporânea de Elvas.
.
Também central na filosofia do projeto é a construção de relações concretas com cidadãos e associações locais pré-existentes, numa vontade sincera de se colocar numa atitude de abertura e partilha e na consciência de que os lugares só vivem pelas pessoas que os habitam, pelas suas memórias, pela sua história e pela sua presença.
A fotografia será um meio de exploração pessoal e colectiva do ritmo do lugar, e a ela se juntarão outras disciplinas nas actividades paralelas para elaborar uma visão mais completa da complexidade do lugar. O projeto pretende criar uma continuidade de acções que não terminem apenas neste verão, mas que possam ser realizadas de diferentes formas nos anos seguintes.